Toronto | A Cidade dos Imigrantes
Acostada na margem noroeste do lago Ontário, voltada para os Estados Unidos da América, encontramos Toronto, a maior cidade do Canadá e o seu centro comercial e financeiro. Aí habitam cerca de três milhões de habitantes, número que duplica quando olhamos para a sua área metropolitana, tornando-a a quarta cidade mais populosa da América do Norte, ficando apenas atrás das megametrópoles Cidade do México, Nova Iorque e Los Angeles.
O que impressiona em Toronto não é, todavia, o seu tamanho, mas sim a sua multiculturalidade. Toronto é a capital mundial da imigração, com a maioria da sua população formada por imigrantes de primeira ou de segunda geração. E isso testemunha-se em cada rua, em cada quarteirão, em cada bairro. Visitar esta cidade é, pois, entrar num caldeirão de culturas, em que se misturam uma infinidade de gentes e de etnias. Ao contrário dos seus vizinhos do sul, não são, porém, os latino-americanos ou os afrodescendentes que aqui predominam. Nas ruas desta metrópole americana sente-se mais a presença dos asiáticos e dos europeus, como os chineses, os indianos, os italianos e… os portugueses. E a cidade abraça os imigrantes de forma, aparentemente, calorosa, celebrando-os ao nomear diversos bairros e outros recantos com referências às etnias mais presentes: Chinatown, Little Italy, Little Portugal, entre tantas outras.
Se não é amante do frio, evite o inverno de Toronto que, sendo menos duro do que noutras paragens mais a norte, pode, ainda assim, tornar muito pouco satisfatória a experiência de um mediterrânico. Já o verão é, em regra, bastante agradável, permitindo visitar a cidade a pé e de transportes públicos, em especial de metro, que vai quase a todo o lado. E é dessa forma, vagueando pelas ruas, que poderá constatar que a natureza mesclada de Toronto ressalta também dos seus edifícios. O centro jovem e vibrante, marcado por arranha-céus imponentes e uma arquitetura arrojada, tem paredes-meias com bairros residenciais tranquilos e de baixa estatura, onde é possível encontrar um avozinho a cuidar do jardim.
Um passeio por Toronto pode começar pelo edifício mais emblemático desta cidade: a CN Tower. Com 553 metros de altura, esta torre dos anos 70 foi durante mais de três décadas a estrutura mais alta do mundo. Não deixe de subir ao observatório Skypod, que lhe proporciona uma vista de falcão sobre o Ontário e os Estados Unidos, a mais de 447 metros de altura ou, se for mesmo corajoso, de se aventurar na Edgewalk, uma caminhada ao ar livre, preso por um arnês a mais de 350 metros de altitude sobre o teto do The Restaurant 360, o restaurante que dá uma rotação completa a cada 72 minutos, proporcionando a combinação perfeita entre comida de luxo e vistas de sonho. Se a carteira não permitir jantar na CN Tower, aproveite para comer num dos muitos restaurantes de Toronto, onde a cozinha étnica e de fusão é a imagem de marca, podendo até, se as saudades apertarem, saborear um frango de churrasco servido com sotaque micaelense.
Em Toronto é obrigatória a romaria ao Distillery District onde os bares, as lojas, os restaurantes e as galerias de arte são garantia de um bocado bem passado. Igualmente famoso é o mercado de St. Lawrence, no centro da cidade, onde mais de 100 bancas vendem todo o tipo de alimentos das mais diversas proveniências.
Se tiver tempo, apanhe um táxi aquático ou um ferryboat e dê um pulinho às ilhas de Toronto onde pode ir à praia ou fazer um piquenique com vista sobre o porto da cidade. Se gosta de água, não perca a oportunidade de riscar da sua lista de “must dos” as Cataratas do Niágara, que ficam a pouco mais de 100 km de distância, na fronteira com os Estados Unidos. Este conjunto de quedas de água oferece um espetáculo único, em especial as Horseshoe Falls (em forma de ferradura), que atiram água de uma altura de 57 metros ao longo de uns impressionantes 670 metros de extensão. A melhor visão é, sem dúvida, a partir de baixo, num barco, que na base da catarata oferece tudo, do barulho ensurdecedor ao “duche” inevitável. Esta demonstração da força dos elementos só não é mais avassaladora porque em torno das cascatas foram sendo construídos restaurantes de fast food, lojas de souvenirs e salões de jogos, que tornaram o espaço num autêntico parque de diversões, contaminando as quedas de água que naquele contexto parecem mais uma obra humana do que uma prenda da mãe natureza.
Uma coisa é certa: numa cidade habituada como poucas a lidar com gentes de todo o lado, é impossível não se sentir em casa. Vá a Toronto.